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Sua Empresa Faz o Básico no Relacionamento com o Cliente?

“Uma caminhada de mil léguas começa sempre com o primeiro passo.”. Provébio Chinês

Grandes atletas nos inspiram. Seus feitos e habilidades formam legiões de fãs e admiradores. Tornam-se exemplos e referências. Que admirador de futebol não gostaria de ter a habilidade de um Messi, uma Marta, um Cristiano Ronaldo? Que fã de tênis não gostaria de jogar como um Nadal, um Djokovic, um Federer ou uma Venus Williams?

Lionel Messi: a excelência nasce no fundamento bem feito.
A excelência nasce no fundamento bem feito. Imagem: YaNiS2017 por Pixabay

Estes e outros ídolos do esporte não se tornaram as lendas que são em seus respectivos esportes sem algo fundamental: eles fazem muito bem o básico. O drible desconcertante ou a jogada hipnótica não são possíveis sem que o básico ou o fundamento do esporte seja muito bem feito.

Resumindo, para se aprender a correr é preciso, antes, saber caminhar. E continuar treinando e praticando os fundamentos.

O Que Isto Significa para a organização?

Toda empresa que se preze sonha em alcançar a excelência no atendimento às necessidades de seus clientes e, consequentemente, gerar bons resultados financeiros e sociais. A questão é que, no afã de ser excelente, o básico pode ficar esquecido.

Vejamos um caso de reclamação, enviado pela cliente de uma empresa para um grande jornal do Rio de Janeiro:

Enviei dois e-mail à [nome da empresa], fabricante dos produtos de limpeza [nome da marca], reclamando que o item que eu havia comprado não correspondia ao descrito na propaganda quanto à limpeza de superfícies de inox e alumínio. Como não recebi resposta, liguei para a [nome da empresa], mas ninguém atendeu. Fiquei indignada com a falta de atendimento. A empresa gasta tanto com propaganda, que é enganosa, mas não presta atenção ao consumidor.

Moça ansiosa olhando a tela do computador e mordendo um lápis.
Sua empresa faz o bem o básico? Imagem: Jan Vašek por Pixabay

Procurada pelo jornal, a empresa respondeu da seguinte maneira:

A [nome da empresa] informa que, em função do lançamento de novos produtos, houve um congestionamento no seu serviço de atendimento ao consumidor. A empresa diz que está apurando o ocorrido e buscando soluções para melhor atender aos clientes.

Neste pequeno caso há lições profundas sobre a importância de se fazer o básico no relacionamento com o cliente.

Fazendo o Básico: o que podemos aprender no caso anterior?

  • Se a sua empresa disponibiliza um canal de relacionamento, tenha certeza de que este canal é verificado periodicamente – e quando escrevo “periodicamente”, não é uma vez por semana ou a cada quinzena.
  • Tenha a certeza de que a estrutura da empresa será capaz de receber, analisar e tratar as interações recebidas em um prazo adequado para seus clientes. Lembre-se: o prazo é adequado para seus clientes, e não para sua empresa. Em outras palavras, não há problema caso você não responda – certamente haverá um concorrente que vai interagir melhor e mais rápido que sua empresa.
  • Garanta que os canais de relacionamento funcionem. Uma dica bem simples de se fazer isto: use você mesmo os canais disponibilizados pela sua empresa. Se não funcionar para você, é melhor começar a se mexer, pois sua concorrência já se mexeu.
  • Mantenha os canais de relacionamento integrados, garantindo que as equipes que os monitorem e os operacionalizem tenham a mesma visão e acesso às informações de clientes.
  • Se um canal de relacionamento não funcionar, a interação do cliente irá para um outro canal. E se este canal for uma rede social, uma crise pequena pode se tornar um incontrolável monstro de proporções gigantescas. Uma interação eficaz reduz custos diretos e indiretos e aumenta a fidelidade do cliente.

Faça muito bem o básico e alcançará a excelência

Fazer o básico demanda esforço e disciplina. Por isto é um grande desafio.

Sempre enfrentaremos a tentação de implementar algo novo, implementar um produto ou serviço que garanta visibilidade, aumentar a participação de mercado. O desempenho de muitos executivos e executivas é avaliado por estes indicadores.

Fazer o básico é checar, rechecar e checar novamente. É implementar rotinas, aprender de maneira metódica, verificar os resultados alcançados, e fazer novas checagens. Equivale ao treino para o esportista. Tenha certeza que todo grande atleta treina muito, justamente para ser excelente no básico.

Lista de checagem. Checklist.
Mantenha rotinas de verificação de seu processo. Imagem: TeroVesalainen por Pixabay

Por exemplo, se sua empresa possui um site lindo e moderno, mas as informações de seus pontos de venda estão desatualizadas há dois meses, ou o endereço de e-mail disponibilizado não garante uma resposta a quem lhe procura, então você não está fazendo o básico.

Você já visitou o site de sua empresa hoje?

Desafios do Relacionamento com o Cliente

“A estratégia de marketing começa, termina, vive e morre com o cliente”. Michael Gerber

Um homem recebe o telefonema de uma empresa. Poucos dias atrás, insatisfeito com o atendimento e serviço prestados, ele tomou a decisão de procurar e trocar a prestadora de serviços. Uma semana depois após o rompimento, a empresa anterior lhe procura e pede encarecidamente que ele volte a fazer parte da rede de clientes da empresa. Para isso, oferece descontos, serviços adicionais incluídos no novo pacote e juras de amor eterno.

O homem recusa delicadamente a proposta, e encerra a ligação, pensando: “se eu era tão importante, por que não me ligaram antes?” .

Este caso é mais comum do que aparenta, e deve acontecer centenas de vezes ao dia, com dezenas de empresas. Somente comigo já aconteceu, pelo menos, quatro vezes. Uma delas é o caso relatado anteriormente.

Quais as causas para que isto aconteça?

São vários os motivos para que esta aparente incoerência aconteça no relacionamento com o cliente. Cito algumas delas:

  • políticas organizacionais que privilegiam o ingresso de clientes novos em detrimento da manutenção de clientes antigos, mesmo que a aquisição de novos clientes seja 6 a 7 vezes mais cara do que manter os clientes antigos na carteira da empresa.
  • indicadores de desempenho que não consideram o impacto financeiro da saída de clientes antigos a longo prazo.
  • bancos de dados de clientes que não estão integrados e/ ou não tem políticas específicas de análise do histórico do cliente, seu comportamento na relação com a empresa etc.
  • canais de atendimento que prezam a eficiência e não a eficácia, e que não geram subsídio do comportamento dos clientes para a Direção da organização.

Quando vários destes fatores se juntam, está formada a catástrofe. A insatisfação cresce até que o cliente decide trocar de prestadora de serviço.

Olhe para dentro da organização

O relacionamento e o atendimento ainda são grandes diferenciais no momento em que alguém escolhe uma empresa para prestar-lhe serviços. As empresas que entendem e aceitam este ponto aumentam em muito as suas probabilidades de sucesso, mesmo em momentos de crise econômica.

Portanto, antes de buscar causas externas para a queda dos resultados de sua empresa, analise internamente as oportunidades que estão escondidas internamente – na forma da empresa de agir, de se relacionar, de efetuar as operações diárias que interagem com seus públicos. Você poderá se surpreender com o que vai encontrar.